Saudades...

Dedicado a todos aqueles que "perderam" alguém...

Naquilo que mais confiamos a vida toda é o que, diariamente, mais nos atraiçoa.
Não estou a falar de familiares ou Amigos mas sim do normal pensar da nossa mente.

Alguém "sai" da nossa Vida e as imagens que nos ficam têm sempre uma ligação directa com a emoção da tristeza. Quase nunca conseguimos o espaço mental para questionar este processo, pois só o facto de isso pensarmos parece de uma total insensibilidade e indiferença para com aqueles que já connosco não estão.

Mas não será exactamente o contrário?
Por ser tão fácil distrairmo-nos com superficialidades na nossa Vida quase nunca percebemos, para além de qualquer duvida, àqueles que Amamos nada exigimos. Podemos até pensar que sim, mas no nosso Coração sabemos que não. Se Amamos de Verdade, damos sem nada pedir, protegemos sem nada esperar.

Escondido por trás das nuvens dos pensamentos reside um Facto...se estamos tristes, estamos por "nós" próprios, por termos "nós" ficado sem alguém...e aí surge algo diferente que traz consigo Amor por quem sentimos afastados de nós.

Mas Atenção...

Ao estarmos afastados de alguém, automaticamente esse alguém também não estará afastado de nós? Talvez por limitada compreensão do que concebemos como Vida assim não o possamos pensar (e mesmo admitindo a hipótese do vazio existencial pós morte, até aí, toda a tristeza será um acto direccionado a nós próprios) mas, tendo nós um pensamento multifocal e Inteligente que admite e compreende que tudo aquilo que pensa saber resume-se à sua limitada experiência e compreensão, teremos que nos perguntar...
Como queríamos, de Verdade, que esse alguém se sentisse quando de nós se lembra? Triste, angustiado, abatido, perdido? Claro que não...

O Verdadeiro Amor liberta SEMPRE todas as partes envolvidas e que o têm no Coração.
Por isso, a única escolha Amorosa, Nobre, Enaltecedora do relacionamento será a da compreensão profunda do processo e consequente compreensão da tristeza, não como fuga, não como disfarce mas com total entendimento em nós próprios da Grandeza que a mudança de tal paradigma envolve.

Vemos assim que a tristeza que teima em nos pesar é falsa...e lentamente, deixamo-la ir.
Pois no "deixar ir" nesse espaço de Vida que se abre surge sempre o reencontro...com o Amor.


Michel Januario